sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

welcome bienvenido bienvenue willkommen

Olá :)

Aqui encontrarão uma miscelânea cujo tema central será quase sempre a parentalidade. Eventualmente dir-se-ão coisas mais íntimas e outras mais generalistas. Ao experimentar a sensação do desconhecido nos meandros da infertilidade e da adopção, fomos sentindo necessidade de contactar com outras realidades. Entretanto, começámos este blog em modo privado (só a dois), devagarinho fomos convidando amigos a lê-lo e agora sentimo-nos preparados para a abertura ao público. Pensámos que talvez a partilha que sentimos chegar até nós através de outros blogs seja também aqui encontrada por outras pessoas. 

 Sejam bem vindos e que o vosso dia seja, de facto, limpo. 

Cipreste,digamos que é a futura mãe 
Chaparro, já é pai, do Freixo 
Freixo, um adolescente cheio de Swag
Sonhamos, todos os dias. Ansiamos por acordar, todos os dias. É isso. E o que lemos e procuramos, não nos dirá a parte ínfima, do que vai ser. Um dia vamos acordar e vai ser o dia.

E outros dias se seguirão. Não será o começo de nada, mas a continuação.


Chaparro

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O enxoval.

Percebo que a minha vida tem sido muito feita de enxovais que não chegam a ir com a noiva. Nesta óbvia distorção do ditado popular, o que eu quero dizer é que, não obstante ter alcançado muitos objectivos nos últimos anos, outros houve que ficaram pelo caminho. Por exemplo, em 2011, preparámo-nos para zarpar até às Áfricas mas acabámos por ficar. No fim, constatamos que foi muito bom não ter ido, muita coisa aconteceu que poderia ter sido mais “fatal” se não estivéssemos cá. Entretanto, falámos e lemos muito sobre a vida de emigrante em Angola, ou Moçambique ou Cabo Verde. Serviu para a nossa cultura geral, pronto. 
2012 e 2013 foram anos com grandes sonhos de gravidez e cheirinho a bebé. Também lemos muito e iniciei-me na realidade dos grupos de entre-ajuda. Escrevi um pouco, não tanto quanto pensei fazer ou, pelo menos, quanto escrevi “mentalmente”. Embora fosse muito claro para nós que as probabilidades de uma gravidez eram baixas, e porque houve equipas dispostas a sujeitar-nos a tratamentos (isto são outros quinhentos) deixamo-nos sonhar. Decidimos que não íamos ficar presos ao grande número que indicava que não iríamos alcançar o sonho e voámos por momentos. Vestimo-nos de espírito positivo. Muito se falou aqui em casa de cheirinho a bebé, de enxoval, de nomes, da probabilidade de fazer uma gravidez gemelar, etc. Sonhámos. 

A verdade é que na gestação dos sonhos acabamos por falar muito de futuro. E, sinceramente, não me interessam as máximas que sugerem que é uma perda de tempo pensar no futuro. Ele existe enquanto preparação do nosso presente, portanto, não vale a pena negá-lo. E, neste momento, o nosso grande futuro é a adopção, não há lugar a dúvidas quanto a isso. Entre a incerteza que é hoje inerente a um casal em que ambos são empregados com vínculos sem termo, nem assim conseguimos viver descansados quanto à capacidade para manter uma casa que foi comprada dentro das regras de esforço das famílias, entre a incerteza quanto à saúde dos nossos entre-queridos (e a nossa, já agora…), o bem estar do Freixo, etc., entre todas estas preocupações e vivências paira a adopção como o maior tema das nossas vidas.
Já provocámos algumas mudanças na nossa casa a contar com a adopção, mesmo compreendendo que pode ainda passar muito tempo até que esta aconteça. A parte prática do meu ser resolveu que mais vale perder tempo com determinadas alterações agora do que no momento em que subitamente nos surge uma proposta e, num instante, temos a(s) criança(s) em casa. E isto faz sonhar. E falamos muito. E verbalizamos situações hipotéticas do dia-a-dia. Sonhamos. Como não fazê-lo?

Por vezes, a parte mais magoada de mim diz-me: pára com isso. E converso comigo sobre todos os sonhos de ser mãe que já passaram por mim desde 1997 e, no limite, penso que nada disto se vai concretizar porque… nada disto se vai concretizar para mim, porque me está destinado não ser mãe. E depois choro. E depois trago-me de novo à razão e explico-me que também tenho uma palavra a dizer em relação ao meu destino. E volto a acreditar e desculpabilizo-me por querer fazer um enxoval.

A verdade é que há muito passado neste sonho e, por vezes, é preciso fazer um grande exercício para não deixar que as derrotas residam no presente (e que tomem conta dele). E assim se cumpre a luta do bem-querer. É preciso que não nos esqueçamos, e mesmo quando nos distraímos é preciso regressar depressa ao presente e às pessoas que junto connosco estão a construir os dias.

O tempo é um grande fantasma, mas não vejo como não viver com ele porque, por um lado, há coisas que nunca quero esquecer e, por outro, nada faz mais sentido do que sonhar com os meus filhos e fazer-lhes o enxoval.

Já temos:

- 2 fronhas bordadas a dizer “good night” - sim, também vamos ser anglófonos

- as 2 mantas-mais-fofinhas-do-mundo - são as prendas do Natal 2013 do pai e da mãe

- um mocho - feito pela tia Ana que o deu à mãe mas que a mãe já pôs no nosso quarto

- e hoje a mãe vai comprar duas molduras iguais às dos avós e das tias, uma cá para casa e outra para o Freixo - para pôr a nossa primeira fotografia


Cipreste

da boca dos outros


  My little one swings about with his emotions and behaviors.  I remember with my older son went through these times when he was unruly and slept poorly and then a week or so later he would burst forth with a new skill or more words in his sentences.  It was then I knew how hard a little brain works, perhaps practicing how to make sentences, and how it all at once stimulates and exhausts a little person.  When I think of Andu and count off the months he has in our home, fifteen, I can't help but notice how much heavier his load is than a child who is born into a family and is with them from birth.  While he is plotting about how to make sentences and let others know his mind through his voice, he is also learning trust and attachment and love.  This is a challenge for anyone of any age.  Little kids are so vulnerable.  They literally have no choice but to depend on others.

Last week was difficult.  Lots of foghorn-crying, acting out, hitting, and rascally attention-seeking behavior.  I would look on in amazement at the child who had come so far act not at all like himself, pushing me away.  The saddest thing happened, too.  I was holding him, his face to mine, struggling to get some article of clothing on, and he slapped me hard, really hard, on the face.  It was so hard that I was shocked into silence and must have been wide-eyed when our eyes met.  He hadn't really been mad at me, but that hitting had become so much a part of his behavior, that he just did it.  He hadn't even been looking at me when it happened.  But, he knew its effect, I could see that in his eyes.  He looked terribly sad, almost in tears.  His eyes were pleading.  And I said, there's no hitting, followed quickly by, you're okay.

Now the past few days he is so little suddenly.  All that brashness, that behavior that invites you to be annoyed and withholding of praise, is gone.  In place of the hellcat is a baby, so little.  He is a shadow, never more than a few feet from me.  He is cuddly and insists on holding hands.  He just gets so "little."

I don't know the secret to parenting.  I don't know what to do so much of the time.  So I just stay present.  The days are long, but the years are short.  Have to just stick with the little ones, be present, stick close.

Posted by Christine @Mother Paradox

sábado, 21 de dezembro de 2013

"Acreditar é a grande lição", disse-me um dia o meu amor

Coisas do dia-a-dia: «- O Sr. Dr. deixa o meu marido ir passar 3 dias a casa pelo Natal. Ele ficou muito feliz, disse-me “Pronto, vou a casa pela última vez e depois venho aqui acabar os meus dias”. Sabe, fomos muito felizes durante 42 anos e nunca quisemos que nos escondessem nada. Então, eu disse-lhe “-Vês, amor, ainda voltamos a dormir juntos. Nós dois.”.»

20 de Dezembro - continuar a acreditar, contigo


Cipreste

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

da boca dos outros (listas!)

An Adoptee’s Perspective: 10 Things Adoptive Parents Should Know

1. Adoption is not possible without loss. Losing one’s birth parents is the most traumatic form of loss a child can experience. That loss will always be a part of me. It will shape who I am and will have an effect on my relationships—especially my relationship with you.

2. Love isn’t enough in adoption, but it certainly makes a difference. Tell me every day that I am loved—especially on the days when I am not particularly lovable.

3. Show me—through your words and your actions—that you are willing to weather any storm with me. I have a difficult time trusting people, due to the losses I have experienced in my life. Show me that I can trust you. Keep your word. I need to know that you are a safe person in my life, and that you will be there when I need you and when I don’t need you.

4. I will always worry that you will abandon me, no matter how often you tell me or show me otherwise. The mindset that “people who love me will leave me” has been instilled in me and will forever be a part of me. I may push you away to protect myself from the pain of loss. No matter what I say or do to push you away, I need you to fight like crazy to show me that you aren’t going anywhere and will never give up on me.

5. Even though society says it is PC to be color-blind, I need you to know that race matters. My race will always be a part of me, and society will always see me by the color of my skin (no matter how hard they try to convince me otherwise). I need you to help me learn about my race and culture of origin, because it’s important to me. Members of my race and culture of origin may reject me because I’m not “black enough” or “Asian enough”, but if you help arm me with pride in who I am and the tools to cope, it will be okay. I don’t look like you, but you are my parent and I need you to tell me—through your words and your actions—that it’s okay to be different. I have experienced many losses in my life. Please don’t allow the losses of my race and culture of origin to be among them.

6. I need you to be my advocate. There will be people in our family, our school, our church, our community, our medical clinic, etc. who don’t understand adoption and my special needs. I need you to help educate them about adoption and special needs, and I need to know that you have my back. Ask me questions in front of them to show them that my voice matters.

7. At some point during our adoption journey, I may ask about or want to search for my birth family. You may tell me that being blood related doesn’t matter, but not having that kind of connection to someone has left a void in my life. You will always be my family and you will always be my parent. If I ask about or search for my birth family, it doesn’t mean I love you any less. I need you to know that living my life without knowledge of my birth family has been like working on a puzzle with missing pieces. Knowing about my birth family may help me feel more complete.

8. Please don’t expect me to be grateful for having been adopted. I endured a tremendous loss before becoming a part of your family. I don’t want to live with the message that “you saved me and I should be grateful” hanging over my head. Adoption is about forming forever families—it shouldn’t be about “saving” children.

9. Don’t be afraid to ask for help. I may need help in coping with the losses I have experienced and other issues related to adoption. It’s okay and completely normal. If the adoption journey becomes overwhelming for you, it’s important for you to seek help, as well. Join support groups and meet other families who have adopted. This may require you to go out of your comfort zone, but it will be worth it. Make the time and effort to search for and be in the company of parents and children/youth who understand adoption and understand the issues. These opportunities will help normalize and validate what we are going through.

10. Adoption is different for everyone. Please don’t compare me to other adoptees. Rather, listen to their experiences and develop ways in which you can better support me and my needs. Please respect me as an individual and honor my adoption journey as my own. I need you to always keep an open mind and an open heart with regard to adoption. Our adoption journey will never end, and no matter how bumpy the road may be and regardless of where it may lead, the fact that we traveled this road together, will make all the difference.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Ir aos livros ou não ir aos livros? Eis a questão.

Quando sonhava ser mãe biológica tinha como plano não ler livros de puericultura, pedagogia e o diabo a sete. Embora reconheça que sou profissionalmente formatada para a pedagogia, sempre achei que a educação deve ser uma coisa natural, algo que acontece e não precisa de teorias. Esta convicção nunca se baseou numa negação dos saberes da pedagogia, mas antes baseava-se numa postura que assume que, com ou sem livros, serão sempre cometidos erros. Sabemos que todos temos convicções e certezas que caem que nem castelos de cartas quando chegamos à parentalidade. É óbvio que eu, ainda sem ter chegado lá, achava que as minhas são inabaláveis e que não vou engolir as minhas palavras. Somos assim e algo me diz que é saudável – tanto o facto de termos convicções (para disfarçar dúvidas e incertezas) quanto a realidade de ter de as deitar pelo chão na hora certa (para reforçar convicções e certezas).

Portanto, eu dizia que quando sonhava ser mãe biológica tinha como plano não ler livros que me guiassem nesse caminho. Fiz o mesmo durante os tratamentos de fertilidade, quis saber apenas o essencial. Ainda não sei se esta postura é a mais saudável, mas suspeito que pelo menos é saudável porque se situa algures no meio-termo entre “esgotar a informação” e o “não querer saber”.

Agora com a adopção a coisa pia mais fininho. Ui. É um ver-se-te-avias de leituras. Leio de tudo, do bom e do mau. E vídeos! Há dias fui apanhar-me frente ao youtube a ver vídeos atrás de vídeos, sem qualquer tipo de lógica no clique seguinte. Já percebi que há conceitos que me são simpáticos como o therapeutic parenting e que há outros que considero puras aberrações como o attatchment therapy (brrr).
É um bocadinho cansativo querer “saber tudo”, mas não encontro outra forma de estar na adopção. Até começar a ler, não me era espontâneo nem automático compreender certos meandros do medo e da insegurança de uma criança adoptada, nem afianço que teria reacções pedagógicas como as recomendadas nestas situações. Pelo que só posso considerar que ler sobre o tema tem sido muito positivo para mim e, assim o espero, para o(s) meu(s) futuro(s) filho(s).

Uma das coisas que mais me faz sentir solidária com os pais adoptivos que tenho lido é mesmo isto: as escolhas conscientes nas reacções pedagógicas e o peso social que podem assumir. E é com isto que (mais) sinto que (mais) aprendo. Ou seja, há decisões que os pais adoptivos têm de tomar perante certas situações de conflito que por vezes são o oposto do preconizado (e aceite) socialmente, logo, muitas vezes criticado por família e amigos. Muitas vezes injustamente apelidado de paternalista e condescendente e os pais diminuídos a pais que permitem tudo só porque o filho é adoptado. E isto, curiosamente quando se trata do contrário: a reacção dos pais é muito reflectida e baseada no bem-estar do seu filho. 

Um exemplo: Suponhamos uma birra num lugar público.  Habitualmente, os pais biológicos sabem que os seus filhos sabem que o seu amor é incondicional e que os pais estarão ali para os proteger contra tudo e contra todos. Aquela coisa de que as crianças só têm coragem de dizer “não gosto de ti” às pessoas com quem estão emocionalmente seguras.
Portanto, durante a tal birra no lugar público, é mais ou menos consensual nos meios em que me movo o método “isso já te passa/ quem é este menino tão mal educado/ ficas aí? eu vou embora”.

O mesmo não acontece com as crianças adoptadas, e não estamos a falar apenas dos primeiros tempos “até à adaptação” (eu sei, são muitas aspas e parêntesis, tenham paciência). Do que tenho lido, quando sensíveis para certos processos das crianças, os pais adoptivos não reagem da forma descrita acima a uma birra dos filhos num lugar publico. Porquê? Porque geralmente os motivos por detrás da birra, embora em ambos seja basicamente a frustração, esta não tem origem nas mesmas causas e a forma como os pais reagem pode ajudar a superar esse momento ou a exacerbá-lo e até a introduzir novo um mau-estar na criança.

Continuando com o exemplo, quando uma criança adoptada faz uma birra a sua frustração pode estar minada com algo mais para além do que é natural nas limitações de se ser criança e não se poder fazer tudo o que se quereria fazer. Fazer uma birra pode não ter iniciado com esse objectivo mas pode muito bem ser uma forma de testar ali, no lugar público, o quão empenhados estão aqueles pais em serem seus pais. É agora, vou fazer uma birra tão má, mas tão má, que vais ver como sou horrível e vais ver se não me deixas aqui, vou provar como toda a gente, mais cedo ou mais tarde, me abandonará. E podemos acrescentar mais umas conclusões a esta teoria como porque sou mau e ninguém gosta de mim, não mereço um pai e uma mãe, etc etc. Sim, assim tão básico e a direito. Penso que é claro que reagir como descrevi acima com o método “isso já te passa/ quem é este menino tão mal educado/ ficas aí? eu vou embora” é completamente contraproducente do ponto de vista pedagógico numa situação destas. Porque se trata de uma emergência emocional. Porque, mais urgente do que ensinar boas maneiras, é urgente abraçar a criança e mostrar-lhe (se necessário dizer mesmo) que ninguém a vai deixar ali sozinha a chorar a sua frustração, as suas angústias, o seu medo de ser abandonado e de não merecer ser amado incondicionalmente, para além das boas e das más maneiras. Que, no fim do dia, volta para casa com o pai e a mãe.

~ ~ ~

E logo a mim havia de calhar ser mãe adoptiva. Eu, tão firme e hirta. Tão convicta da educação “rígida mas com amor” que fui dando aos sobrinhos. Só penso nos meus mais velhos que passaram tanto tempo comigo. Não digo que estivesse completamente errada, e é verdade que eles mostram muito amor por mim pelo que as memórias não devem ser más. Mas penso nisto que tentei explicar das reacções pedagógicas e chego à conclusão de que provavelmente ler não nos faz assim tão mal nem nos mina a naturalidade. Porque o que nos é natural é o amor e este não se aprende nos livros. E penso que o que se aprende nos livros é a travar e a modelar  as nossas reacções. Afinal, falamos de construções e essas estão lá, nos livros. E isso não me parece nada mal. Parar e respirar e, se necessário, contar até 10.

E depois, estas coisas não podem ser só aprendidas porque se leu num livro, têm de ser sentidas. Vou dar-vos um exemplo que vos pode parecer completamente parvo, mas não é. Eu sei que é bom porque não o li apenas, senti-o e foi por isso que o consegui concretizar.
O meu gato vai para 10 anos com 8kg de mimo. É um gatarrão filho único. Um doce que faz birras. De vez em quando passa-lhe pela cabeça que manda cá em casa e, de orelhas para trás, faz uns avanços de quem nos vai pôr na linha. Mas tem azar e costuma, er... costumava levar uma palmada que resolvia o assunto de uma (mão-)assentada só. Há tempos, estava eu a reflectir sobre esta coisa da história de alguns meninos adoptados e no quão assustador deve ser entrar na casa de estranhos para se tornar seu filho e eis que um pensamento leva a outro e me  veio à cabeça as palmadas que o Manjerico leva de vez em quando. Senti um calafrio ao imaginar um primeiro dia com uma provável birra do Manjerico a ser resolvida com uma palmada e a imagem com que a criança ficaria de nós: potenciais educadores pela palmada. Nem consigo descrever o quanto essa imagem me doeu. Falei com o Chaparro e resolvemos tentar mudar a nossa reacção pedagógica perante as birras do Manjerico. Adoptámos o método de lhe soprar no focinho quando o “não” não funciona, aprendemos esta com a Gi.
Começámo-nos a treinar para a não-palmada em Setembro e passados 2 meses e picos posso afiançar-vos que o sortudo do Manjerico deixou de levar palmadas e até faz menos birras (go figure!). Não digo que vá tentar aplicar teorias a torto e a direito, mas percebemos que esta era importante e sentimo-nos felizes e orgulhosos de ter concretizado isto.

O que eu quis dizer com este palavreado todo resume-se nisto que li há tempos: uma mãe a dizer que se tivesse tido os seus filhos adoptados antes dos seus filhos biológicos certamente que estes últimos teriam sido poupados a muitas palmadas. Capisce?

Resposta: Ir aos livros, aos amigos, aos blogs. Parar e respirar e, se necessário, contar até 10. No fim, confirmar com o nosso coração.










Cipreste

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Vamos falar disto.

Dentre os meus amigos e conhecidos, quem esteja mais ou menos atento, já terá percebido que tenho dado alguns passos para sair do armário.
Ou seja, tanto andei que arranjei coragem para dar a cara: OLÁ, O MEU NOME É CIPRESTE E SOU PORTADORA DE ENDOMETRIOSE.

Trata-se de uma doença que me tem tomado alguns dos dias… desde os meus 14 anos.
Fui diagnosticada pelo 4º médico a quem me queixei, aos 27 anos (13 anos depois  do início dos sintomas!). Fui operada. E fui ignorante porque não procurei mais informação na altura, pensei que estava curada. Mas não. Tudo voltou. Hoje, às portas de fazer 40 anos, continuo com muitos dias marcados por esta malvada.

Muito há a dizer sobre a vida com endometriose.

Não nos olhem com pena, mas façam-nos um favor: ajudem a passar a palavra.
Porque CHEGA de deixar esta doença passar impune.
CHEGA de ouvir alguns médicos ainda da idade das trevas dizer-nos que é normal ter dores.
Aos que quiserem, e puderem, venham caminhar comigo no dia 13 de Março.

Não sei dizer grandes coisas sobre isto. Deixa-me sem palavras.

Não esqueçam o meu pedido: passem palavra.

Vamos falar disto.
Obrigada.

 

Fico com o meu sonho.

e-mail: geral.mulherendo@gmail.com 
Youtube: ver canal 
Facebook: ver página 
Twitter: @MulherEndo 
Instagram: ver fotos 
Google+: ver página 
Skype: mulherendo



Cipreste

domingo, 8 de dezembro de 2013

7 poemas para o sol que me aquece o sangue

Hoje é o dia

i. (Ainda Outra definição de mar e de mim próprio consoante a maré[1])
asa em viés
sombra inclinada à espera
vela norte mar adentro
terra atrás: muito atrás
saber que não é nada
tudo. nada
para não te
afogares.

ii.
pleno momento é dia,
sol de tudo que navego

iii
és um instante
o peito um polvo
no teu olhar
luz acesa
lassidão que nos macera

iv.
excisão de dor
impossível
talvez um excerto do meu sorriso
no teu peito

v.
Instala-se na letra
o seio do corpo nu à sombra
cercado pelas grandes árvores
lenha para queimar
lentamente.

vi.
tempestade corpo
habitado

vii.
o espaço entre as coisas é
um buraco para ver através da noite

hoje é o dia
para continuar

será um dia em breve.




[1] Outra definição de mar e de mim próprio consoante a maré – título de poema de João César Monteiro.



Chaparro

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

(ritos de passagem)

Nada mais perfeito do que uma casa enfeitada de natal com uma caixinha de música a tocar durante a vida vazia de filhos. Digo: nada mais perfeito para espiar a ferida de uma não-mãe.
Estou a dias de completar 40 anos. Programei-me com mestria para estas construções culturais. Datas, marcos, lugares, cheiros. Aceito-os, não os renego, não sou, no entanto, dramática em relação aos mesmos. Assumi há já algum tempo que sou assim, evoco estas coisas, é uma característica como qualquer outra. As décadas: Gostei muito de fazer 30 anos, foi no final de um ano muito duro para mim, aquele em que recomecei a minha vida numa cidade onde não tinha amigos nem família, apenas trabalho. O ano seguinte a um divórcio, com uma mala cheia de lutos por fazer.
Ainda que com alguns golpes por sarar, senti os meus 30 como uma vitória. Foi um dia feliz passado com aqueles que amo, e que me amam.
Há dias decidi que quero fazer uma festa para celebrar os 40. E assim será. Mas não vou fingir que entro nesta época natalícia com o coração incólume. Não, não vou fingir.
Fechou-se uma porta. E eu tranquei-a.

Nunca hei-de gerar um filho dentro de mim. Nunca hei-de ver o meu corpo transformar-se. Nunca hei-de ser abordada pelos que me amam a abraçar-me a barriga, a fazer promessas para dentro dela. Nunca hei-de parir. Com dor ou sem ela. Nunca hei-de parir. Nunca hei-de ter um bebé em cima de mim, acabado de nascer e eu cheia de lágrimas de felicidade por receber esse sentimento misterioso. Nunca hei-de ter as entranhas atravessadas por águas de dar à luz. Nunca hei-de dar de mamar ao meu filho. Nunca hei-de ter o meu bebé nos braços, adormecido, aconchegado, consolado. Nunca hei-de ouvir o riso dobrado do meu bebé. Nunca.

Tenho de encontrar um lugar onde sepultar este sonho. Os médicos, sábios, propõem que coloque na mesma cova o meu útero e os meus ovários. E fico eu, para lamber esta ferida. Oiço música triste. Enquanto choro, deixo acesas as luzes da árvore de natal.
Eis que esta luta se metamorfoseia agora num luto.

 

(procurar o chão, quando o "you" em "fix you" somos nós próprios)


When you lose something you cannot replace
Tears stream down your face



Cipreste

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Ajuda

(publicado inicialmente no facebook)


Acto de auxílio é uma das definições desta palavra.
Não sendo uma pessoa crente numa entidade superior única, sou crente no bem-querer entre as pessoas. E aqui entra uma expressão-chave: entre.
Tenho pensado muito sobre este assunto nos últimos tempos, um pouco mais nos últimos 3 anos. Muita água tem passado debaixo da minha ponte. Alguns sustos e aflições.
Vou juntando as expressões para esta reflexão: ajuda; entre; e escrita.
É de escrita que também quero falar. Escrita e leitura - suas necessidades e eventuais utilizações (que é como quem diz da serventia). E do fenómeno dos livros de auto-ajuda.
Conheço poucas pessoas que admitam ler livros de auto-ajuda e vejo lógica nisso, já vou explicar a razão.

Antes, quero dizer que, vivendo uma “condição” específica  há muito tempo, no último ano encontrei ajuda além da habitual (família, amigos, colegas de trabalho, etc.) nessa coisa que um dia pareceu tão distante de mim: os grupos de entre-ajuda. Sim, a partilha das nossas dores e receios com perfeitos estranhos. Ou deverei dizer estranhos perfeitos? Sim, isso.
Aprendi mais umas lições. A primeira (a velha lição) foi sobre não negar à partida uma ciência que se desconhece.
Não me vou alongar sobre o que ganhei por me abrir a mais uma dimensão das relações humanas. É tudo demasiado óbvio para mim, e compreendo que possa parecer demasiado obscuro para quem nunca o praticou. Fiquemo-nos nas nossas realidades se assim for mais confortável. Está tudo bem.

E volto às expressões que juntei para este texto e à auto-ajuda.
Ontem, encontrei um livro na caixa de correio. Já o encomendara no dia 04 pelo que a ansiedade de o receber estava já sossegada. Trata-se de um livro escrito na primeira pessoa por alguém que vive uma condição parecida com a minha. Digo parecida porque todas as histórias são diferentes, obviamente. Entrei em casa e li logo as 2 ou 3 páginas iniciais. Hoje, tenho estado a fazer tarefas soltas entre as quais pego no livro amiúde e vou lendo uma página de cada vez. Gostava de ficar a lê-lo de seguida, mas compromissos do coração falam mais alto.
Porém, tive de vir aqui partilhar uma série de sentimentos que têm brotado ao longo das parcas páginas que já li. Sim, sentimentos por vezes acompanhados de uma lagrimita, mas não, não é um livro de emoções-instantâneas e posso dizer que está muito bem escrito por uma pessoa que se revela muito inteligente.

Adiante. As ideias que desejo partilhar são as seguintes:

- Vale a pena entrar, nem que seja muito devagarinho, no mundo da entre-ajuda. Não estou, de todo, a desvalorizar o papel da restante rede de apoio (expressão feíota, eu sei, mas acho que é a que define melhor). Nem sequer estou a dizer que, na minha experiência, uma das dimensões onde vou encontrar alento é melhor do que a outra. São diferentes, ponto. E, vou contar-vos… esta menina tem-se surpreendido muito a cada passo na entre-ajuda. E, até agora, só ganhei.

- Penso que percebo agora porque é que a auto-ajuda pode ser algo falacioso: é auto e não entre. Duh! Não querendo ajuizar quem se faz valer da auto-ajuda, penso que é apenas mais uma forma de estar virado sobre si próprio. E um dos riscos de estarmos sempre virados para o espelho é precisamente a oferta limitada de visões que essa perspectiva oferece. Há que viajar e ver outras realidades, nem que sejam viagens pela net que foi onde encontrei o “meu” grupo de entre-ajuda.

- Sobre a leitura: fico sempre tão aparvalhada quando leio outras pessoas a descreverem na perfeição episódios que eu vivi. Estou a falar de livros que fazem partilha de experiências, e entra aqui uma grande diferença: não são livros de entre-ajuda, são de partilha, isso, apenas isso. Porque estamos a falar de leitura e de humanos que escrevem e não de génios - seres superiores e infalíveis. Ninguém pode pensar que vai ajudar alguém através de um livro. Não compreendo a ajuda como algo que acontece de forma unidireccional. E a leitura é-o. A leitura é um acto numa só direcção. E a escrita também. Por isso mesmo a diferença que refiro. O máximo que pode acontecer é eu ligar peças ao ler um livro de partilha e, a partir daí, tornar esse corolário em algo útil. Não quero, com isto, dizer que não nos possamos sentir gratos a quem escreveu.

Estarei a fazer sentido?

O que quero aqui dizer, e talvez fosse desnecessário o texto acima(?), é que, quando vivemos situações específicas que requerem alguma resiliência  para não se andar por aí a mal-dizer a vida, há ajudas. Não estamos sozinhos. E eu acho que é tão importante saber que não estamos sozinhos. Não que desejemos aflições às outras pessoas, mas porque sabemos que, de facto, shit happens e não é só a nós. Então, porque não nos aproximarmos um pouco (pode ser à laia de raposa) para observarmos como convivem outras pessoas com o mesmo tipo de situações?
Porque não? Porque somos muito ciosos da nossa privacidade? Ok, legítimo. Mas depois não me venham cá dizer que a privacidade é um lugar muito só. Vou começar por explicar que acho que a privacidade pode ser muito mais do que aquilo que pensamos ser um segredo bem guardado. E que, a cada camada da nossa privacidade que revelamos, estará lá outra a formar-se. E que não vamos deixar de ser únicos porque levantámos o véu de algo que, afinal, não nos é exclusivo. E acresce que, nos tempos que correm, nem sequer temos de o fazer revelando a nossa identidade ;)
Enfim, se me disserem que gostam de se considerar uma espécie de eremitas, então não percebo porque é que ainda estão a ler este texto :)

Finalizo confessando que tenho pensado muito em escrever sobre as minhas vivências, em formato de blog, apenas ainda não consegui resolver que grau de identificação da minha pessoa é que quero revelar. A decisão não é linear, é de tipo pau-de-dois-bicos, mas hei-de lá chegar. Porque, noutros contextos, já tive a oportunidade de saber que a partilha de algumas situações nos pode permitir a abertura de horizontes. E porque gosto de escrever. E porque me faz sentido que utilize a escrita para além da poesia. Ou antes, porque a entre-ajuda tem muito de poético. Vá, chamem-me fatela. Eu chamo-lhe uma espécie de entre-auto-ajuda ;)

Reli o texto e ainda não percebi se só fará sentido a mim.
Enfim, hoje sinto-me muito grata e quis partilhar estas ideias soltas.
Clique-se no botão “publicar”.



Cipreste

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

[da boca dos outros]

A todas as mães que ainda não têm filhos. 
Descobri que há mães que não têm filhos, assim como há mulheres que têm filhos mas não são mães. Ser mãe pode começar por ser um projecto de toda uma vida e, quando planeado conscientemente, uma nova etapa já está a ser assumida. Ainda antes dessa mãe engravidar e enquanto não sabe se a gravidez já está ou não a ocorrer, já cuida do seu bebé imaginário, preocupando-se, indo ao médico fazer o que é suposto, protegendo-o e assegurando dentro do que lhe é possível que nada do que fará com o seu corpo o irá prejudicar. Esta etapa, este compromisso, prepara-a para o que naturalmente deveria acontecer. Quando a gravidez teima em chegar, esse bebé começa a estar cada vez mais presente. De tal forma que quando, no final de cada ciclo, confirmamos que ele ainda não existe na realidade, o luto que nos bate à porta é a prova de que houve uma perda. Há mães que, não tendo filhos, depositam grande parte do seu investimento emocional, financeiro, profissional ou até relacional no que começou por ser um projecto mas já faz parte da sua vida. Por isso, quando penso na palavra MÃE, penso em todas aquelas que o querem ser mas (ainda) não puderam ter um filho.

Publicada por Mãe Sabichona

domingo, 3 de novembro de 2013

(música para ritos de passagem)

O momento em que percebemos que uma luta passa a ser um luto. 

 For now 
 Leaving point despair 
Leaving point hope 

 Getting lost to find a way back home 
Getting back by letting go

 



Cipreste

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

[da boca dos outros]

assim vai a vida
Daqui a umas horas saio para uma semana na França.
À mesa, combino com os miúdos como se vão organizar durante estes dias sem mim para lhes apanhar as pontas. Quando se dão conta de que o pai vai ter comigo a meio da semana, começam a trocar olhares cúmplices entre eles.
- Nem pensem em fazer uma facebook party!, digo eu, alarmada.
- Não te preocupes, mãe... (e riem gargalhadas velhacas.)
- Se fizerem aqui uma party, vão ser deserdados!
- Oh, não te preocupes: se fizermos aqui uma party, não vai haver nada para herdar!
A avó intervém na conversa:
- Se não se portam bem, fico aqui a fazer de baby-sitter.
Eles não se atrapalham:
- Vais ser a nossa party queen.

E assim vai a vida. Por estes dias algumas mulheres jovens têm andado a conversar em blogues sobre os motivos para ter filhos e eu, que em tempo útil nunca me lembrei de pensar nos porquês, estava capaz de responder que rir assim com eles é um bom motivo. Entre todos os outros que me hão-de ocorrer à medida que acontecem.
Daqui a umas horas saio para França, para os Alpes perto de Grenoble. Diz que lá o Outono também está magnífico. Levo a máquina fotográfica (sim, sabe-se lá que é que vai acontecer aqui em casa...) e talvez consiga mais uma resma de "quases".

por Helena 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Quem vê caras, não vê corações.

Diz um daqueles memes partilhados nos murais das redes sociais que a partilha da nossa história é uma obrigação. Que, quando nos assumimos e revelamos as nossas histórias, nos estamos a curar e a ajudar outros a fazê-lo. Ora, não sou assim tão ambiciosa.
Antes de mais, há muito tempo que deixei de pensar que tenho de me curar da minha história, ela é o que é, não vale a pena imaginar máquinas do tempo. nunca me vou curar dos meus arrependimentos, porque são isso mesmo: arrependimentos. Eu cometi erros e esses erros tiveram consequências nas vidas de outras pessoas. E na minha. Oh céus, e na minha vida.




Cipreste

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

escrever, apagar, reescrever, apagar de novo

Tenho tantas coisas para dizer, mas falta saber escrever o que nunca vai estar resolvido. 
Falta saber escrever aquele que não é o momento brilhante da minha vida, com um preço pago por  mim e por terceiros, inocentes.




Cipreste

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Adopção: sim, eu quero. sim, nós queremos.

traduzo uma passagem do meu primeiro texto sobre infertilidade


Quanta coragem é necessária para se decidir ter um filho?

Porque é que alguém há-de ter um filho? Qual é o sentido de trazer uma criança a este mundo doido, violento e hostil? A sério, porque é que alguém há-de sequer considerar toda a maçada e riscos envolvidos para amar alguém como se doa, mais do que alguma vez pensou conseguir amar (ouvi dizer que é qualquer coisa assim), e saber que essa vai ser a dimensão mais importante da sua vida até ao dia da sua morte? A única resposta que consigo articular é: sim, eu quero ter um filho. 

Acrescento ao texto inicial:
Sim, eu quero ter dois filhos. 
Esperem, deixem-me fazer as contas: com o enteado, são três! Sim, eu quero ter três filhos!

the animal print shop


Cipreste

quinta-feira, 13 de junho de 2013

portanto. caímos. de novo.

Um blog em língua inglesa, a convite de uma amiga de infância.
Vou deixando os posts à medida que saem.



SO. WE FELL. AGAIN.

That’s it: this treatment didn’t lead us to the so desired pregnancy.
I haven’t been very busy here at Oh Infertility! But do believe that almost everyday I think “Oh, I should write about that for OI!” but my state of mind has been so down I haven’t had the drive for anything other than automatic behaviour.
So, seeing that I am now willing to be myself again and do the things I left behind, I plan on coming here more often.
As a comeback I thought I should tell you about what happened regarding what these treatments are all about.
There are a few fertility treatments available depending on the case. I’m going under In Vitro Fertilization (IVF) treatments in a so-called Long Protocol.
Here is an example of a treatment schedule, it may not be exact as a timeline because it is, after all, an automatic calculator and there are particular issues to be decided case by case. If I select my last menstrual date before treatment, it gives me a very approximate schedule of what my last treatment was.
Once a case is assessed and there is a therapeutic indication for IVF, at the 21stday after the last menstrual period you start a daily injection of Gonadotropin-releasing hormone agonist (GnRH-A) and a daily intake of folic acid. You may read each step and a simple explanation of each moment here.
My last period before treatment was on April 11, which means I started GnRH-A injections on May 1. Also, I started a new inner battle of… all kinds of feelings you can imagine. Oh, boy! This was quite a roller-coaster ride.
Reading step-by-step on the IVF calculator doesn’t tell you that by each one you may feel like you are going under strict supervision, commission after commission, under custody of superpower you-know-who: mother nature.
At each commission you may pass or you may fail and fall off the ride. That’s it, there is no way of going fast forward, you have to go back to “start” without collecting… a baby.
I was very frightened of the result of this treatment because I had decided it was my last attempt to have a baby (let’s talk about this another day). Still, the first 10-13 days were as expected, even if you are nervous for the first couple of times, you get in the routine of the injections and that’s it for those days. I had embraced healthy habits like eating well, relaxing, taking a 40 minute walk home from work, etc.
But I wasn’t okay. No, I was not. Nor was the-best-guy-ever. We were in so much pain this time. All because I had decided this was it, the last treatment before accepting I would never be a mother.
What. A. Mistake.
I should know better than that: one never comes out with the sentence before the verdict.
At each step of the treatment there was always something (a blood result or uterus state, etc) that the doctor didn’t like, and then the biologist. It was never “all fine”. We would always leave the hospital with an uncertainty so much bigger than the one we already expected. Each time we would go back, we carried the belief that that would be the day of treatment interruption.
Oh, and the hormones, oh my. Poor the-best-guy-ever! I have to acknowledge he was really the-best-guy-ever and reserve the right not to say more so I don’t expose the silliness of my behaviour [blushes].
Both our state of mind and my physical response to treatment became a very bad emotional cocktail. Let’s say, I presume I didn’t become dehydrated from crying so much because I was really careful with water intake.
Suddenly we found ourselves with an Egg Retrieval date and there was a click. We talked so much during this treatment and by this time we decided we had to become happy for coming so far. And we were. I was afraid, but I truly believed this could be it.
I had five eggs which isn’t that bad because it’s only from one ovary and I’m 39, three of them weren’t good (this is bad) and two of them fertilized. OMG! Two of them fertilized! This is almost as good as knowing you are pregnant indeed. It’s actually beautiful, even though it was other people managing our gametes, they were *our gametes* and they became two embryos. Ours! From me and the-best-guy-ever! It was a nice moment. But it lasted so little. The second day I got a call from the biologist informing me that they weren’t developing as quickly as they should and if they didn’t catch up the next day it would mean that they weren’t good quality embryos. My poor babies. There they were, and there we were. Apart. And we got the call the next day.
So.
We fell.
Again.
And we dealt with it.
And I knew I wanted to undergo another treatment and I told the-best-guy-ever who agreed.
And here we are: willing to go on another ride because we didn’t feel “this was it”.
I promised myself that this time I won’t suffer from anticipation the way I did. With that intensity. And I’m believing it can be possible for me to become a mother.
We will be back on treatment by September so my body can get a little rest before then. That means we get to go on our planned August vacation.

Zambujeira beach


Cipreste

sexta-feira, 31 de maio de 2013

seis coisas ao calhas sobre mim... e a minha infertilidade

Um blog em língua inglesa, a convite de uma amiga de infância.
Vou deixando os posts à medida que saem.




Just like Sandy, I also think these lists are always fun to do so here I go:

1) I have a recurring dream in which my loving mom denies me as her daughter (I believe Freud would relate this to my infertility).

2) I am not jealous of your pregnancy or motherhood, please share it with me.

3) I’m infertile for 15 years now. That’s many years of dreaming of names for possible future babies. It also proves to me that names have a lot to do with trends BUT I may say that I still like the first names I thought about.

4) Instead of it becoming easier to go through Mother’s Day, every year it’s becoming harder. During the last one I hardly contained my tears on the phone with my mom and then locked myself at home and had a “good” cry.

5) I don’t think I deserve a child more than you do but I do feel like slapping you if you tell me “you don’t know how lucky you are for not having kids” (even if it is a very desperate day for you, sorry but I won’t be empathic after those words).

6) I feel proud that I have the courage to go through fertility treatments (e.g. I know it’s not that much of a big deal but still… imagine weeks after weeks of injecting yourself daily).

I’d love to read six random things about you & your infertility.



Cipreste

terça-feira, 9 de abril de 2013

não fugi

Um blog em língua inglesa, a convite de uma amiga de infância.
Vou deixando os posts à medida que saem.


RUN AWAY

I have not.

Well, let’s say that in a certain way I did run, as one is just letting it be. It has been exactly four months since my IVF treatment was interrupted and I was back to the good ol’ pain of infertility in its whole shape of inability and helplessness.
So I let time go by (a little). I invented a few full-time hobbies.
Now it is time to stop and feel it all again. As soon as my next period is here my dearest is calling the nurse and I’m back to injecting my tummy. And I’m looking forward for it.
If it is true that we learn lessons, the one that I’m always acknowledging is that we do have to give things their time.
Four months ago I was devastated, both by my bio-reality and bad practice reality. I could hardly breathe without exercising not to cry. I had to struggle not to fall into my bed and stay there.
But I was not alone, I was not suffering alone.
There was my love and he was also suffering, this was something new for him. He has a son. He desires to have a child with me. He heard my stories about the past, but he had no idea how much it could hurt. And there I was aching twice, for us.
And time: Three months ago we had Christmas and all the availability it takes. Two months ago I started all the craziness around organizing a poetry festival in my city. It happened last weekend, from Thursday to Sunday. It was a great success and so on.
Now it is time for courage, again. And as soon as we made our call to the biologist today it all came back: the desire to keep all the healthy habits and that feeling of the heart filling with hope.
That’s what I meant about giving things their time. One month ago, if you had asked me about my treatments, I’d probably tell you I wasn’t very much into it, and was even considering a longer break. And I would have meant it.
We gave it time. And we are back.
Now starting a baby-step (like the irony of the expression?) process in which we may fail mid–way through our journey. But there is no other way to build our story. That’s what we believe in today, so that’s what we are doing today.

And now, a poem:


Respectful repetition

You draw overlapped rocks.
You animate infertility
On the drought of the metaphor’s tyranny.

From the portuguese

A respeitosa repetição

Desenhas pedras sobrepostas.
Na aridez da tirania da metáfora
Animas a infertilidade.

Paulo Azevedo



Cipreste

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

coragem & medo [uma amiga ~ um blog]

Mais uma experiência: um blog em língua inglesa, a convite de uma amiga de infância.
Irei deixando os posts à medida que saem.


  OH INFERTILITY!

Hello, my name is S. I’m married to the-best-guy-ever and have a stepson who is the-best-stepson-ever. I have a great life – my dream job, a loving family and friends, a lot of hobbies. But, I always have spare time for one more hobby. I have been fighting infertility for some time now. It seems that I want to stop having spare time. You know, I have my cake, but the cherry is missing. 

________________________

COURAGE & FEAR

How much courage does one need to decide to have a child?

Why should one have a baby? What’s the point in bringing a child to this crazy, violent, hostile world? Really, why should one even consider all the trouble around having the risk to love someone like it hurts, more than you ever thought you could bear(I heard it’s something like that), and know that this will be the most important dimension of your life ‘til the day you die? The only answer I am able to articulate is: Yes, I want a child.
I really like my life. Okay, it could better, but then again… it could always be better.
I’m married to this guy who is the-best-guy-ever. He not only reads poetry, he even writes poetry. Ha! And may I say it’s not junk poetry, it’s good stuff.
He loves me so.
And I love him so.
And we have a cat.
Yup, we have one of those. Of course I’d also love to have a dog, but it’s much more work than I am up to. Uh, wait, we have a point here: she’s not up to all the work around a dog but she’s considering having a kid? Oh boy.
Just kidding, we’re not going to compare having a child with having a pet. Different desires for different commitments. And there is nothing more to say about that.
So, I want to have a child. Since 1997. (You may now imagine one of those “established” signs.) Yes, since 1997. Or may I say since ever? I’m one of those freaks whom always thought was born to nurse babies, many babies. Here we are, the year of 2013, and I am still not a mother, no one calls me mom. Imagine: I could have a whole teenager!
My story: At first, I found out that my body was in trouble (you’re likely wondering ”why doesn’t she just adopt?”, let’s leave that for another day), then my life was in trouble, after that my head was in trouble and then years just went by (hiding fromthe fear).
Going back to the initial query, how much courage does one need to decide to have a child? And fast forward, how much courage does one need to have to go under treatment(s) to have a child? I think I’ll never be able to answer this question, or maybe the question is just wrong, I don’t know. I guess that the only possible explanation is the “sudden moment snap” theory (not my theory but I named it). So, the “sudden moment snap” theory consists of taking months (or even years) to try to decide on something. For example, you consult friends or even get professional guidance, you write down pros and cons lists and one day while you are putting away your groceries you suddenly snap and the decision is made. That’s it, no more reflections about it. The decision is made and you feel this is the point of no return.
It is. There is no going back to who you were before deciding you want to bring a child to this world. A child whom you are willing to love with all of your strength and forever fear for their welfare. Til-the-day-you-die.
There is actually no return from the day you decide that you want to have a child. From that day on, you want your body to change, you want to give birth no matter how much it frightens you, you want to hold one of those little creatures in your arms and think “oh, look at him/her, he/she is mine, from me, from my love with this wonderful man” and all those silly thoughts that make you feel at ease with the earth. You want it all, you are even willing to loose your sleep and (what the heck!) you are willing to let go of your “peace of mind” and “freedom”.
I guess that by now you’ve speculated why am I mentioning so many hypothetical moods and feelings about motherhood. You know… when you have 15 years to live in the “when/what if” stage, you collect many examples and wonder about them, sometimes you even think you may picture how it is. It’s only a wide range of imagery working in your brain together with your dreams. Still it does hurt in your chest, because no matter how much you dream (day & night) nor how much you do it all according to the books, you don’t get it.
You just don’t get it.
Maybe it is not written in the stars for you. You had forgotten that things don’t come easy for you. Why should a baby be something natural? Before you get to be presented with all those worries and dirty diapers, you have to pass a few tests. And still, Madame, we don’t guarantee you’ll get it.
That is infertility, ladies and gentlemen. That is what separates me from what seems like the rest of the world. Infertility is what causes me to live in non-stop-existentialism-town. I just don’t get it. I was supposed to have a little doubt, then decide, have some nice sex and see the red lines in the pregnancy test. But no, the universe has higher plans for me. I’m special so I’ve been chosen to go through this anguish. It is a prize, you know. I get to go to all of these different doctors and hospitals and go through all these tests. I even get to inject myself. I’m a society-tolerated junkie. I’m a piece of meat. I’m a leg-spreaded guinea pig. I know it’s not nice but at the least it is the truth. I’m impotent. I’m my mommy’s hurt little girl.
Life has denied me, and so many women and men, something life itself taught us would be ours naturally and I am afraid I don’t know how to put it into words for you to ever understand. I have tried so many times. I don’t know how to tell you what it is like to live with this absence. One thing I may say is that, even if you don’t know what to say to your infertile friend, your friendship and empathy are welcome.
And that is what I’ve been living with – Infertility and trying to keep things in perspective. With a little help from my friends, just like The Beatles.
If you recall, earlier I said I really like my life. And I do. I am very happy. I have my cake, but the cherry is missing. So, as much as it hurts, I smile and laugh everyday. And I don’t run away from my devilish fertile family and friends. I also find myself checking my friend’s baby website everyday and even commenting on things. And one day she asks me if I want to share my infertility experience with you. And I’m all like, “Hellooo, I’m your babyless friend and this is a baby website.”. And here I am, starting round two of InVitro Fertilization next month. Hello.


Cipreste